Maria Glória - MAGÓ
Mulher, artista, bailarina, pandeirista, capoeirista, professora, pesquisadora e alquimista da vida.
Magó iniciou sua trajetória nas artes muito cedo, aprendendo a dançar na escola da mãe, a
Academia Daisa Poltronieri.
Apaixonada pela dança seguiu para o mundo intensificando seus estudos no Ballet Clássico, na Dança
Contemporânea, na
Acrodança e na Educação Somática.
Com apenas 15 anos mudou-se para São Paulo e obteve a formação técnica da Royal RAD – Royal
Academy of Dance com
professores londrinos certificados, através da escola Pavilhão D Centro de Artes. Estudou Ballet
Clássico e Dança
Contemporânea com Ricardo Scheir, Neide Rossi, Eduardo Menezes, entre outros.
Nos anos seguintes integrou a CIA Carne Agonizante dirigida por Sandro Borelli e também o NIC
– Núcleo Improvisação em
Contato com direção de Ricardo Neves. Em ambas as companhias Magó pôde trabalhar com figuras
renomadas da dança como
Nita Little, Bruno Caverna, Vanessa Macedo, Mark Taylor, Victor Abreu, dentre outros nas áreas de
Dança Contemporânea,
Educação Somática e Contato Improvisação. Em 2017 criou a CIA DUO DUE de dança contemporânea
junto a sua parceira e irmã
Ana Clara Poltronieri Borges, iniciando o estudo e a circulação do espetáculo “Onomatopéias
Silenciosas”, “Fragile” e o
“Noite Oceânica, Geral Sentiu”.
Magó idealizou e concretizou o PROJECT.ATO a DANÇA COMO ATO em Maringá, trazendo
profissionais de todo o Brasil para
ministrar oficinas de diversos tipos de dança e apresentando espetáculos nos teatros da cidade de
forma gratuita,
atraindo um grande público e proporcionando alegria e informação de qualidade. Esse projeto foi
possível graças ao
Prêmio Aniceto Matti da Secretaria de Cultura de Maringá em 2019.
Além da sua paixão pela dança, Magó era integrante da Associação Cultural Capoeira Angola
Paraguassú (São Paulo e Bahia)
do Mestre Jaime de Mar Grande. Também integrante do Grupo Sambaiá de samba (Maringá),
exercendo e estudando a música, a
percussão, a dança e as culturas populares brasileiras.
Maria Glória, infelizmente, não está mais conosco. No dia 25 de janeiro de 2020, Magó foi
assassinada, vítima de
FEMINICÍDIO* numa cachoeira no município de Mandaguari, próximo a Maringá.
*FEMINICÍDIO é o homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela
ser mulher (misoginia e menosprezo
pela condição feminina ou discriminação de gênero, fatores que também podem envolver violência
sexual).
Magó sempre foi uma menina e mulher muito corajosa e de muita força. Uma força física e de alma.
Praticante de Aikido -
arte marcial japonesa e também de capoeira. Amante da natureza, frequentava círculos do sagrado
feminino e se conectava
com os saberes ancestrais das curandeiras e raizeiras do nosso Brasil, que encontram na terra e na
natureza a cura para
toda e qualquer doença. Honrava muito a vida dessas mulheres e levava isso como filosofia de vida.
Magó se sentia em casa quando estava na natureza. Seja numa cachoeira, sob a luz da lua, num
mergulho no mar ou até
andando de bicicleta, seu único e principal veículo a vida toda.
Era feminista, lutava pelos direitos da mulher, pela igualdade de gênero. Defendia os povos
originários e se emocionava
com essa luta, levando essa bandeira com ela no peito.
Tinha uma preocupação grande com o meio ambiente, com a preservação da água, separação do lixo, com
a preservação das
nossas florestas e dos animais. Era vegana e amava todos os bichos e vidas do planeta,
igualitariamente.
A praça todos os santos, é uma praça em homenagem a Magó. Além do Teatro reviver Magó, temos outras
duas instalações que
homenageiam nossa querida artista, são elas:
A obra, “Madeixas de Magó”, “surgiu toda de uma vez, num jorro, e partiu do meu desejo de conectar
as pessoas ao
universo da bailarina Maria Glória, essa figura emblemática, que tive o privilégio de conhecer. É
como um rastro de luz
deixado por ela enquanto dança, e também os seus cachinhos do cabelo.”
Paolo Ridolfi, nascido em Maringá, em 1962, iniciou sua carreira artística na década de 1980, em São
Paulo. Desde então,
realiza exposições individuais e coletivas em galerias e instituições culturais do país Suas obras
pertencem ao acervo
de criteriosos colecionadores.
Seu trabalho fala, principalmente, da relação entre a cultura de massa e a erudita, onde busca,
através do impacto
visual de suas obras, o encantamento!
Magó e a Soft Plus:
Maria Glória, ou Magó como era conhecida, com apenas 3 anos de idade, participou de uma campanha
publicitária para
estampar o amaciante "Soft Plus". A imagem de uma garotinha sorridente ao lado de um gorila de
pelúcia, ganhou as
prateleiras dos mercados de quase todo o país e se mantém até hoje.
Sandra Cantagalli e João Cantagalli, proprietários da empresa Crivialli fabricantes da "Soft Plus",
ao saberem da
homenagem da obra do artista Paolo Ridolfi em memória de Magó, a obra "Madeixas de Magó",
sensibilizaram-se e apoiaram
como patrocinadores para que fosse instalada ao lado do Teatro Reviver Magó.
Como diretores comprometidos com ações que causem um impacto em mudanças de comportamento social,
incluíram no rótulo do
amaciante o "Disque denúncia 180", em defesa das mulheres em situação de vulnerabilidade. Pequenas
ações que alcançam o
mundo.
Conheça a história de Magó
com a Crivialli
A intervenção “Magó, o feminino é sagrado” é um trabalho feito por muitas mãos e foi motivado pela indignação em relação à violência contra as mulheres. O trabalho faz parte do projeto premiado no edital Aniceto Matti/2019 “A terra nos cura: ga vã eg hán ti”, voltado à valorização do sagrado feminino ancestral. As palavras Kaingang ga vã eg hán ti significam: a terra nos cura. A proponente do projeto, artista multimídia e professora no curso de Artes Visuais na UEM, Sheilla Souza idealizou o projeto sensibilizada com o feminicídio do qual a bailarina Maria Glória Poltronieri Borges, conhecida como Magó, foi vitimada em janeiro de 2020. Sheilla e Tadeu dos Santos Kaingang, também professor no curso de artes Visuais na UEM e artista multimídia formam o coletivo Kókir, palavra Kaingang que significa fome.
A intervenção Magó, o feminino é sagrado foi instalada na Praça Todos os Santos, ao lado do Teatro Reviver Magó, sendo composta por uma estrutura em forma de chama, produzida com cimento, cerâmica, mosaico e plantas. Apeça que compõe o centro da intervenção tem dois metros e setenta de altura por dois metros de largura. Ela apresenta, em uma das faces e nas laterais, o conjunto de mais de cem peças feitas em cerâmica pela comunidade maringaense, em uma ação realizada no dia 8 de março de 2020, dentro do evento “Magó presente” organizado pelo grupo Nenhuma a menos, com suporte da Feira de orgânicos de Maringá e Agriurbana. Na outra face a peça apresenta a imagem de uma fotografia da bailarina feita por seu pai, Maurício Borges.
A fotografia foi transferida para placas cerâmicas feitas com o apoio das artistas Isabel C. Bogoni, Aurilene A. da Cruz e Sheilla Souza. Em torno das peças em cerâmica, os artistas do coletivo Rosa dos Ventos: Denilson Marinho de Oliveira e Daniel Zeidan Marinho de Oliveira criaram composições em mosaico.
Na parte inferior da peça, o artista Tadeu dos Santos Kaingang elaborou uma composição em mosaico com réplicas de cerâmicas em forma de raízes, projetadas pelas indígenas Kaingang da Terra Indígena Apucaraninha (PR): Nyg Kuitá e Gilda Kuitá.
As réplicas foram criadas pelas artistas Alyni Sander e Sheilla Souza. As queimas e esmaltações das peças foram realizadas pelas ceramistas Isabel C. Bogoni, Aurilene A. da Cruz, Alyni Sander, Bety Azzolin e Sheilla Souza. Assinam o projeto paisagístico da intervenção a paisagista Ana Maria A. S. Lemes, Mario G. Felipe Alves, gerente do Viveiro Municipal de Maringá, o coletivo Kókir e Daisa Poltronieri.
A data da inauguração foi escolhida para o dia 26 de agosto porque neste dia celebra-se o dia Internacional da Igualdade Feminina que marca a luta por direitos e espaços igualitários das mulheres na sociedade. Essa obra de arte, é por Magó, Daiane Girá Kaingang e todas as mulheres vítimas de violência. Também dedicada à Darcy Dias de Souza, confundadora do movimento Vez e Voz da mulher e fundadora da Associação indigenista - ASSINDI – Maringá.
Esse projeto foi produzido com verba de Incentivo a cultura Lei Municipal de Maringá número 10988/2019 - Prêmio Anicetto Matti
A semente da amizade, do companheirismo, da gentileza, do sorriso gratuito que Maria Glória plantou
em todos os lugares,
brotou através de manifestações ao redor de todo o Brasil e mundo numa explosão de amor. O caso da
Magó teve
visibilidade internacional e tem sido de extrema importância para conscientizar as pessoas que o
feminicídio existe e
precisa acabar.
Além de Maringá e São Paulo, duas cidades onde Magó trabalhava ativamente, outras manifestações
também ocorreram em: Rio
de Janeiro - RJ, Santiago do Chile – Chile, Bolonha - itália, Gamboa - SC, Catania – Itália ,
Itaparica - BA, Campo
Mourão - PR, Ponta Grossa - PR, Florença - Itália, Florianópolis - SC, Londrina - PR, Campo Grande -
MS, Curitiba - PR,
Porto Alegre – RS, Belo Horizonte – BH, Córdoba – Argentina, Rio Branco – Acre, entre outras;
Essas manifestações foram organizadas voluntariamente por amigas e amigos, conhecidos e pessoas que
fizeram parte de sua
trajetória de vida e se sensibilizaram com a história de Magó. Em Curitiba, na câmara dos
vereadores, a Vereadora Maria
Letícia uma ativista pelos direitos da mulher criou uma lei para nomear um Jardinete no Bairro da
Fazendinha com o Nome
da Maria Glória Poltronieri Borges. Em Maringá, através da Lei do vereador Onivaldo Barris, Maria
Glória foi homenageada
e levará o nome do Teatro Reviver, que a partir da aprovação da Lei se chamará Teatro Reviver Magó.
A prefeitura de
Mandaguari instituiu o dia 25 de janeiro como dia municipal na luta contra o feminicídio.
Obrigada, Magó! eu compartilhava com a Magó uma das minhas únicas certezas: a de que é preciso se manter em estado de brincar, nossa criança sempre viva, nossa capacidade de espanto reflorestada a cada dia.
Obrigada, Magó! eu compartilhava com a Magó uma das minhas únicas certezas: a de que é preciso se manter em estado de brincar, nossa criança sempre viva, nossa capacidade de espanto reflorestada a cada dia. (a gente brincava muito, e isso a gente levava a sério.) .
Sei dela pela sua vontade de vida, pelo tanto de si que investia em uma conversa. Ela sobrava em olho, sorriso, careta, parada de mão, sobrava em atenção até distraída a Magó prestava atenção . Sei dela pelo tanto que deixava em uma aula, pela sua generosidade - vocês precisam ver isso que eu aprendi, porque me fez assim, vocês precisam. Tenta Má! A gente precisava mesmo. ela ensinava. a gente ouvia de corpo. ela mostrava e repetia. sempre uma linha-guia, nunca um certo-errado. a gente seguia. . sei dela pela irmandade, o outro sempre grande pro seu olho, o novo sempre perto e possível, o difícil... que que é difícil mesmo?
- eu li, eu vi, não sei ainda, vamos testar! o que vocês acham se, isso! investe nisso! a gente testava junto e crescia. (a magó se emocionava quando a dança chegava na gente de corpo-todo).
sei muito dela porque ela não se guardava pra quando o carnaval chegar, ela dividia. ela precisava dividir a existência dela contigo, porque era grande e era tão, mas TÃO grande que exabundava (eu só usei essa palavra aqui pq ela ia achar graça) .
ela me ensinou que pelo corpo a gente acha palavra. e acha mesmo. foi com ela que aumentei meu vocabulário de corpo-existência. - é aí q vc mora. é aí q estão seus sentimentos amor raiva alegria silêncio tristeza desejo música medo apelo é aí que você se mora. .
- a dança tá aqui pra te mostrar o tudo que você pode ser pelo corpo, por isso dança, dança, insiste! isso que te freia é só medo, vergonha tb é medo, tô aqui. vamo de novo? eu ia de novo e nunca vou esquecer disso. (tenho um estoque de fé-em-mim-mesma guardado pra uma vida).
- é em ti que vibra sua força de existência, seu eu mais euzinho seu eu de topete e vestido comprido de flor seu eu de chinelo mesmo, descalço na grama, chupando sorvete seu eu pelado, sem vaidade e vc cheira bem. vc cheira bem até no fim da aula.
a magó sabia que é preciso ser pr'além desse monstro dentuço que é a sua rotina - o contorno do nosso corpo não é limite, você tem braços e pernas e pés, e tem tb ossos, água, fáscia, pontes, torneirinhas, frestas. você tem um exército de coisas invisíveis a seu favor e precisa descobrir todas elas. você precisa. talvez vc ache algo que eu ainda não achei, investiga! não precisa de força, olha, é jeito. era jeito. . e é jeito. a Magó tinha o jeitinho que só dela, carinho e cuidado, uma presença gigante. era difícil não interromper uma explicação na aula só pra dizer um eu-te-amo-obrigada com um abraço (a gente fazia isso com frequência). .
foi a Magó quem me ensinou a dançar o vazio sem borda do improviso eu mal sabia que precisava disso. . ela também me ensinou a cair, a respeitar o esquisito, a não desmerecer o feio, a rir de mim, a mostrar a língua pra vergonha, dançar sem medo e encarar o pavor de estar sendo olhada. tudo work in progress, muito avanço em cada tentativa, ela cuidava. perto dela era mais fácil. . com ela eu lembrava: a vida não pode ser adiada.
a Magó falava de dentro desse espaço-tempo que acontece em intervalos de agoras, e é 4D! toda vez que ela dava um passo, ela cumpria a letra da música. . se ela tivesse aqui ia querer que você entendesse que o modo como você respira e caminha, o modo como se relaciona, o modo como você ama, tudo isso é dança. se querer vivo tb é dança e vc precisa dançar sua existência. (isso aumenta em muitos porcentos suas chances de se manter são). . carrego ela comigo embaixo do sovaco, atrás da orelha, entre dois dedos do pé esquerdo, na pele de dentro. até que me distraio e num zás ela voa: pra uma nuvem - e fica imitando bicho híbrido, pra marca de chuva na janela, pra asa da borboleta, pro cheiro do café, pro nariz das pessoas que mais amou - foram várias. a magó vai sempre existir assim, esparramada. . se eu pudesse dizer algo pra ela agora seria de novo obrigada.
Por Mayara Blasi
Porque quando esse espanto passa mana, quando a tristeza dá uma brecha, quando o ódio acalma um pouco essa fúria em chamas, penso em você com desejo de mato, de selva, de solidão.
Porque quando esse espanto passa mana, quando a tristeza dá uma brecha, quando o ódio acalma um pouco essa fúria em chamas, penso em você com desejo de mato, de selva, de solidão. Penso em você desejando a mais simples e revolucionária forma de ser e estar como mulher no mundo: estar só. Estar incrivelmente só na natureza, abdicando do medo que nos constrange, dançando esse caminho que só se faz com muita solidão, força e destreza. Você, guerreira de tônus capoeira, ágil com prontidão de improviso, base solidificada nesse treino físico, sensório, perceptivo que nunca parou, leve e atenta como aquela coruja branca que nos saudou em algum verão dos tantos que já passamos......com todas as intensidades que perpassam o caminho de uma mulher como você, sinto que a solidão feminina é uma afronta ao patriarcado, você nunca teve o direito de estar sozinha, nós também não temos. A solidão de uma mulher é vigiada É oportunidade de matar É possibilidade de abater É a reação automática de uma masculidade que não suporta ver no corpo feminino a autonomia, a vida e a dança E por fim Acabamos Em certos embates Em certos ringues Nocauteadas por essa monumental avalanche de forças reativas denominada machismo. Mas nem isso mana, que nessa guerra nos preenche de medo, angústia e temor, nem isso nos faz parar de desejar nossa própria solidão. É assim que se constrói a prontidão necessária para a guerra É assim que essa luta não estará totalmente perdida Temos nao só o direito a solidao Mas o desejo de estar plenamente nela Como intensidade necessária para construir nossa autonomia. Sua dança corre em nós magô Agora e sempre! #paremdenosmatar #magópresente #FEMINÍCIDO
Por Carol Barreiro
Escrevo de Magó não por cona de UM encontro, mas dos mais variados encontros que a vida nos proporcionou, geralmente nos esbarrávamos em festivais de dança durante o verão ou em algum feriado prolongado.
Escrevo de Magó não por cona de UM encontro, mas dos mais variados encontros que a vida nos proporcionou, geralmente nos esbarrávamos em festivais de dança durante o verão ou em algum feriado prolongado. Desde o verão de 2012 quando a conheci, sua presença era marcante, e creio que havia um pacto silencioso quando nos encontrávamos onde o companheirismo refletia em uma frequência de “ estamos na mesma batalha, somos comparsas de uma mesma guerra”. O feminismo ganha aliadas quando as mulheres se encontram, mulheres que tem o poder de mostrar para o mundo que a vida, a dança e a energia da presença como protagonismo feminino vence as barreiras da sujeição disfarçada de passividade. Energia yang, energia pra fora, energia da explosão. Ela, com 8 anos de diferença de mim, me atualizava no que eu era, no que eu podia ser, no que eu viria a ser. Um dia na fogueira eu tocava baixo o violão para ninguém escutar, ela vira e fala: solta essa voz porque o mundo precisa ouvir isso. Na verdade eu precisava ouvir minha voz. E gritamos e cantamos, os acordes imperfeitos, a voz arranhada, a letra da música que nem sabíamos direito, de Perota chingo a Janis Joplin, de Elis Regina a Buena Vista Social Club. Pensar hoje que naquele dia ela tinha 17 anos e eu 25, pensar que naquele dia aquela menina que me ensinou a soltar, a deixar, a entender que nossa dança é também música, e que até hoje ela, com os 25 anos que a eternizaram, abre espaço e lugar para dar voz a outras mulheres. Sua ausência é tão silenciosamente furiosa que ainda dá voz para muitas coisas que necessitam vir para fora, tornar-se também grito e explosão.
Um outro dia, com a medicina do rapé no meio de Heliópolis em SP, em um encontro de dança, nos colocamos ao pé de uma árvore grande a noite. De repente uma ave grande, uma coruja branca que nunca tínhamos visto igual na vida nos encanta com o poder da sua presença. Com lágrimas nos olhos, ainda como consequência da aplicação da medicina, digo: é você Magó, é você a coruja branca. Depois daquele dia qualquer coruja que cruzasse meu caminho eu dizia um “oi Magó”. Depois daquele dia entendi que o seu olhar perspicaz, sua sabedoria e sua dança tinha a fúria das asas, atenção plena, a visão de quem mesmo no escuro encontra o caminhar, o voar. Um animal de poder, ela é um animal de poder. Penso agora com saudade, em tudo que ainda poderíamos voar, fazer, construir nos ninhos da existência terrena. Mas penso também que ela só voltou a ser coruja, coruja branca, clã da sabedoria ancestral, dança do voo noturno, da atenção constante. E quando cai a noite, quando os aninais saem para caçar, quando o escuro preenche em silêncio e quietude nosso corpo digo um “ boa noite magó”, boa noite e obrigada por nos proteger com suas asas, nos fazer gritar com sua presença, nos cuidar até hoje com sua atenção plena. Obrigada por nos lembrar que nossa solidão, nossa introspecção feminina é importante é necessária e urgente, assim como nosso grito e protagonismo. Boa noite Magó, porque continuaremos guerreiras e batalhadoras dessa mesma guerra, obrigada por nos ensinar a escutar a nossa própria voz.
Por Carol B.
As lembranças se amontoam, a vontade seria de ter tudo claro e límpido, dar vida a cada particular, a cada momento, mas com certeza em 2017 a atenção não era tão alta...
A Magó,
As lembranças se amontoam, a vontade seria de ter tudo claro e límpido, dar vida a cada particular, a cada momento, mas com certeza em 2017 a atenção não era tão alta, porque nunca teria imaginado que pudesse acontecer algo com a Magó. A essa mulher poderosíssima nunca teria associado nada diferende da vida e provavelmente a nenhuma outra amiga, porque até dois meses atrás as injustiças não tinham me tocado tão de perto. Mas sou muito feliz e grata à Maurício e Daisa por ter proposto esse jeito de fazer viver a Magó.
Não lembro muito bem as datas, mas com certeza era o 2017 e era verão ou primavere, um dia qualquer, em Bolonha, em que a galera se junta no parque “Giardini Margherita” para mexer os corpos. Eu e Auro tínhamos começado há pouco tempo a fazer circo, mas já estavamos perdidos nesse mondo mágico e cativados por cada sua forma de expressão. Esse dia é o que eu lembro melhor. Como sempre, nós fomos ao parque “Giardini Margherita” e vímos a Magó, de longe, que dançava, fazia acrobática, que na verdade era uma mistura de danças e movimentos diferentes, muito parecido com a acrodança, disciplina que nós amávamos muito mas ninguém ensinava em Bolonha. Ficamos lá, extasiados vendo aquela mulher.
Bastaram poucos minutos para chegar próximos, perguntar-lhe o que estava fazendo, de onde era, quem era. Eu acho que a amei logo, era fascinante e com uma grande expansividade. Pouco depois nós tínhamos convidado ela na nossa casa, tínhamos duas bikes e a casa ficava bastante longe. Então como podíamos ir? Eu peguei a minha bike e a Magó carregou o Auro na dela. Andávamos por Bolonha e todos olhavam estranhados essa mulher que carregava um homem na bicicleta. Estamos numa sociedade velha e machista infelizmente. Magó não falava ainda muito bem italiano, mas conseguia se comunicar e nós contou de tudo, di Ana Clara, do que ela fazia, do Brasil e da família dela. E aquela noite resolvemos ir numa festa em Bolonha, aonde vi tudo que a Magó era, se pendurava nos postes, girava, dançava sozinha, com um jeito tão longe do nosso, com uma energia mágica, nós conhecíamos há 4 horas e estávamos bem como se nós conhecessemos desde sempre. Depois chegou a Ana e aí nós nos conhecemos todos. Daí começou a amizade.
Eu era com certeza mais nova que ela, ainda à procura de mim mesma, do que fazer, de quem ser. Magó foi uma passagem importantíssima na minha vida, nela, desde a primeira noite, vi uma liberdade diferente, pessoal, era dela e de ninguém, ela a compartilhava de um jeito maravilhoso, mas ela bastava à si mesma, com os seus ideais, a sua espiritualidade e a sua dança. Isso nunca vou esquecer e um outro lado que levarei dentro de mim pra sempre era o amor que ela tinha para todos, mesmo se fossem diferentes dela e tivessem comportamentos com que ela não concordava. Ela era sem julgamento, tinha os olhos de quem acolhe e compreende, sem nenhum tipo de superioridade, apesar da força interior elevadissima que ela tinha.
Essas são coisas que nunca esquecerei, o verão seguiu assim, estando juntas e trocando muitas cosas, do movimento do corpo até altas reflexões sobre a vida, os sonhos, sobre o que queríamos fazer, aonde queríamos viver, como queríamos viver. Nós imaginávamos uma casa no mato pra viver todo mundo junto, cheia de arte, sabendo que eu estava na Itália e ela teria voltado pro Brasil, mas sonhar juntas era muito bom. Sempre mais se criava uma conexão nova pra mim, era a primeira mulher com quem eu conseguisse ligar tanto assim, mesmo se nós conhecíamos há pouco tempo. Ela via em mim algo que nem eu conseguia ver, tinha uma linguagem mais profunda atrás das nossas palavras.
Um outro momento que lembro bem foi quando fomos viajar em Marche, uma região da Itália, eu, Auro, Ana Clara e Magó. Viajamos de carro todo mundo junto para ir visitar os amigos que fazem arte de rua. Eu era feliz de mostrar aquela cultura italiana, da arte de rua, dos bagunceiros, do ganhar o pão de qualquer jeito. Passamos o dia 15 de Agosto (dia de festa da Itália) todo mundo junto cercado por piruas, cozinhando e dançando em volta da fogueira. Depois disso fomos em outros vilarejos do interior pra dançar, conversar, tocar, e terminamos as ferias numa maravilhosa lagoa.
Pouco depois a Magó foi se juntar com a Ana Clara que tinha ido estudar na Sicilia, pelo menos eu acho, os periodos se confundem. Ah agora lembro, um certo momento ela tinha ido procurar as suas origens no Veneto, e tinha voltado muito feliz, por ter conhecido um parente, enfim ela tinha vivido essa belíssima viajem no passado.
Voltando da Sicilia a Magó veio viver conosco durante 2 ou 3 meses, e aí passamos muito tempo juntas, eu tinha uma cama de casal e nós dormíamos juntas, os momentos de compartilhamento ficaram muito mais plenos e profundos. Lembro que nos brincávamos de dormir de conchinha, passamos muito mais tempo juntas e teve o “Città di Circo”, um grande festival dos circos contemporâneos em Bolonha, e por duas semanas ficamos sempre lá. E acho que a Magó se apaixonou definitivamente do circo, dos músicos, do jeito deles de viver.
Lembro que ela estendeu a permanência na Itália pra terminar os documentos para a cidadania. Um certo momento sentiu a necessidade de voltar e nós nos despedimos. Ela deixou uma carta e um colar de crochê pra cada um que morava na Casa Spelonca (o nome da nossa casa), e nós deu un livro.
Naqueles meses essa relação foi pra mim muito importante e muito forte, nós nos escrevemos. Depois, como as vezes acontece pela distância, nós distanciamos mas só com as palavras, ela fica sempre dentro de mim. Eu soube desde sempre que teria sido uma amizade pra sempre, mesmo se não tivessemos conseguido nos encontrar.
Mesmo assim, a vontade tava lá, começei uma relação com o Robi e o convenci, sem muita dificuldade, a ir no Brasil em 2019. E ainda nós agradecemos para a recepção da família toda, foi uma viajem maravilhosa. Ainda hoje me pergunto dos significados dessa viajem, e conseguimos ver a Magó dançar e como sempre ela nós fez chorar. Agradeço demais para o seu espetáculo, para ter visto ela dançar, ela me ensinou muito também sobre o que é arta, que nível de sensibilidade se pode alcançar, qual é o objetivo, a verdade dos sentimentos e a sua pureza.
Fico repensando em todos os lugares que nós visitamos e porque nós acabamos indo nesses lugares. Tudo o que é relacionado com a Magó, pra mim fica rodeado de magia.
Quero escrever essa coisa mágica, que conteri pra Ana e ficou muito poderosa.
Quando fomos na cachoeira de Mandaguarí em 2019, enquanto estávamos todos sentados na grama, eu, Magó, Ana e Rob, tinha essa borboleta que se posou em mim, provavelmente vocês conhecem ela, uma borboleta básicamente branca, com desenhos pretos e algumas manchas vermelhas, eu a olhava encantada, fotografei ela e enquanto íamos embora da cachoeira de carro falei pro Robi que se tivesse que fazer uma tatuagem, faria aquela borboleta.
Um dia, algumas semanas atrás, nós estávamos na frente de uma fogueira e eu estava pensando na Magó e na madeira surgiu primeiro um coração no interno que queimava e depois a imagem de um jacaré, não sei, mexeu comigo essa coisa. Tinha a necessidade se falar com alguém próximo a Magó, screvi pra Ana, pra perguntar como estava, pra dar um oi. E por acaso mandei pra ela a foto da borboleta da cachoeira em 2019 e perguntei se ela lembrava daquela borboleta. Ela mandou a foto da sua tatuagem, era a mesma, e me contou da importância dessa borboleta, que se posou nela enquanto procurava a Magó dois meses atrás e que ela se tatuou.
Isso rende tudo ainda mas potente pra mim e me enche de perguntas, sobre o que aquela borboleta queria dizer um ano atrás, mas tirando todas as perguntas, criou uma conexão ainda maior, Magó está perto, ela está aqui conosco.
Não sei o que os seres humanos tem dentro, sempre fui rodeade por uma família e muitos amigos, homens e mulheres, lindissimos, sábios e respeitosos. Mas sempre mais aparecem na minha vida as violenças que acontecem a pessoas próximas e sempre mais essas violenças escavam na umanidade.
Aquela manhã em que acordei e achei a Gaia na sala que me falava transtornada, sem entender, acho que a Magó faleceu, um pedaço quebrou. Como posso aceitar uma coisa dessa? Não sei, nunca vou esquecer aquele dia, aqueles olhares, aquelas lagrimas. Quando entedemos como ela se foi, tudo se rachou, toda a confiança, todo o amor para o ser humano. Surgiram sentimentos maiores, escondidos. E a incompreensibilidade de uma ideia que não conseguia aceitar, grande demais, injusta.
Queria estar aí com vocês, porque a dor era tanta e aqui não era igual para todos. Foram semanas dificilíssimas, a vida seguia, aqui não todos tinham tido uma conexão tão forte com ela, queria que tudo parasse e que todos os dias fossem dedicados à ela.
O movimento que vocês iniciaram, me ajudou muito, só não conseguia aceitar, tinha um tijolo muito pesado dentro de mim. Aquele dia na praça em Bolonha foi uma união incrível. Única. Forte. Para tod*s. Desde quem a conhecia até quem nunca tinha visto ela.
As artes pegaram a praça, o conto trouxe a Magó no coração de tod*s, a potência dos corpos e das almas levaram tod*s a conhecé-la. 200 pessoas ficaram lá no frio durante 3 horas escutando com uma sensibilidade única e muitos del*s não a conheciam. Chegaram muitas pessoas no final do dia agradecendo e falando: “Mesmo não conhecendo ela, pareceu que a conhecemos desde sempre”. Tudo acabou com um grande samba coletivo, cheio de energia e vontade de mudar. Ela era isso e consegue criar isso mesmo agora, nos olhando de um outro lugar.
Então obrigada, obrigada e obrigada por ter incentivado essa luta.
A única coisa que soube logo é que a violência que a Magó sofreu, deixou ela na terra, ela é um ser da natureza, pura. Os seres tão violentos não podem escoriar nem um milímetro as almas puras. Ela era pure em tudo. E quando ela se foi com certeza deixou toda a merda do mundo ao mundo. E é aqui conosco, a cada passo, nos amando e nos suportando.
Eu a agradeço por ter decidido de fazer parte da minha vida e apesar de que o tempo juntas não foi muito, ela trouxe muitas coisas dentro do meu ser no mundo.
Imagino que vocês vão ler, então eu e o Roberto cumprimentamos muito Daisa e Maurício, vocês são fortes, como pais e como almas, o desafio é muito difícil e injusto. Mas na umanidade tem uma potência que nessas situações surge e nos supreende. Amamos vocês muito e mesmo não estando lá fisicamente, nos estamos lá nos pensamentos e estamos próximos. Fico muito feliz por ter encontrado e conhecido vocês. Espero revé-l*s logo.
Deixo aqui algo que escrevi por ela:
Gotas que descem numa terra sem sonhos
Ritmos ancestrais que movimentam seu caminho
Atravessa sonhos de povos e histórias distantes
Corpo que conversa com as cascatas, que lê linguagem escondidas
Seguindo um coração que é grande demais para a nossa história.
E se a terra te quer por ela, sem te deixar gritar
Que fique em nós esta liberdade, esta dança que mudou as nossas vidas,
Que tu miga, continue vivendo em cada escolha nossa, em cada batida do nosso
coração,
Em cada nossa ação artística, em cada nossa batida de vento.
Escolheram tirar o respiro de uma alma muito mais forte que eles e nós viraremos o
pandeiro
Entre suas mãos.
Por Agnese – originalmente em italiano, traduzido amorosamente para o português.
“Foi no alto da Serra da Mantiqueira, sul de Minas Gerais, em 2012. Consciência Universal, um festival que reuniu pessoas de diversas regiões do Brasil e também de outros países...
“Foi no alto da Serra da Mantiqueira, sul de Minas Gerais, em 2012. Consciência Universal, um festival que reuniu pessoas de diversas regiões do Brasil e também de outros países, em uma fazenda na localidade da Pedra Preta, na cidade de Pouso Alto. Lembro como se fosse hoje, já estávamos ansiosos, reunidos antes de começar o festival, montando toda a estrutura e organizando tudo para a chegada dos participantes. No primeiro dia do encontro, caravanas, grupos e pessoas chegavam de todas as partes, eu estava responsável pela cozinha do evento e no meio daquela correria para preparar o alimento para todos avistei Maria Glória. Saia preta com flores coloridas, uma canga envolvendo seu corpo, um lenço colorido enrolado na cabeça, rosto pintado e se equilibrando graciosa em uma fita de slackline. Aquela cena, cheia de cores e luzes, me encantou, por um instante esqueci as panelas no fogo, os vegetais que ainda precisavam ser descascados e cortados e as misturas de temperos que ainda precisava fazer. Durante alguns minutos não pude fazer mais nada, conseguia apenas olhar para Magó e desfrutar daquele momento de encantamento. O chamado do companheiro de trabalho José me fez voltar a realidade e naquele dia enquanto preparava o almoço da turma não pude deixar de pensar, e sentir a presença daquele ser de luz, que realmente me encantou. Comentei brevemente com José se ele havia visto aquela linda menina se equilibrando na fita e seguimos em nossa missão de alimentar a todos.
O festival, com muita música e arte, foi organizado por um grupo de amigos e contava com a ajuda e colaboração de todos os participantes. Na cozinha a correria era grande, horas e horas de trabalho, com certeza um dos lugares que precisava de muita ajuda. Eu e José, correndo de uma lado para o outro, quase não tínhamos tempo para participar das atividades, tão pouco para conversar com as pessoas e recrutar ajudantes para a nossa missão na cozinha. Pedimos ajuda a Daniel, um dos amigos do festival, que, logo em seguida apareceu na cozinha com um grupo de duas ou três meninas. Para minha surpresa e alegria uma das voluntárias para ajudar na cozinha era justamente aquela linda menina que me encantou se equilibrando na fita. Qual seu nome? perguntei. Maria Glória me respondeu a menina com uma voz firme e determinada. Sem poder conter as palavras afirmei: Você é muito linda! Ela sorriu meio envergonhada e seguimos com o trabalho. Minha filha também se chama Maria...Maria Liberdade. Senti naquele momento que aquele encontro realmente era especial.
A conexão que senti com Maria Glória foi instantânea e realmente especial. Dias de longas conversas, brincadeiras, acroyoga e trocas de carinho. Quando dava uma folguinha na cozinha íamos para um lugarzinho em baixo de uma árvore e ela sempre me pedia para trançar meus cabelos, que são bem compridos, quase na cintura. Foram dias realmente especias, com muito carinho, respeito e admiração.
Maria Glória me trazia inspiração, forte, determinada e ao mesmo tempo leve, doce e sonhadora. Uma menina muito especial.
Depois dos dias de imersão do festival, nossa amizade se fortaleceu a distância. Quando menos esperava recebia uma mensagem: Como você está? Saudades de lhe trançar os cabelos! Como era bom receber aquelas mensagens de Magó! E assim os anos de amizade se passaram e se fortaleceram. Passei acompanhar seu trabalho de bailarina, suas viagens..e ela sempre fazia questão de mandar alguma mensagem compartilhando seus momentos de alegrias e conquistas, e também queria saber sobre os meus. Maria Glória me ensinou a importância de dar atenção para a amizade e se fazer presente, mesmo estando longe.
Muitas vezes ensaiámos nos encontrar, Floripa, São Paulo, Garopaba, mas cada um em sua correria, com tempo apertado...e esse encontro nunca dava certo. Mas para nós, mesmo com a vontade de se ver e de se abraçar, cada mensagem que a gente trocava, cada troca de energia, mesmo a distância, era como se todos esses encontros tivessem acontecido. Eu vibrava cada vez que lia suas mensagens, cada vez que via um video de algum espetáculo, ou mesmo de algum ensaio. Uma das coisas que mais me admirava era ver ela com sua irmã, as duas juntas, quanto amor, quanta conexão, quanta cumplicidade e amizade. Coisa mais linda de viver!
Tenho guardado em meu coração e muito presente em minhas lembranças um dia que estava em casa, em Garopaba/SC, e recebi uma mensagem de uma amiga dizendo que estava em um festival de contato improvisação em Garopaba e que estava indo para minha casa me visitar com uma amiga minha. Ouvi o som de um carro se aproximando, fui para o portão esperar, quando abri para recebe-las me deparei com aquela cabeleira e aquele sorriso encantador. - Não acredito que você está aqui na minha casa! falei. Era Maria Glória entrando portão a dentro e vindo me dar um abraço. E que abraço gostoso, de saudades, de carinho, de respeito e amor. A visita foi breve, a casa estava cheia de amigos dançadores que vieram para almoçar, comemos todos juntos sentados no chão da sala e espalhados pela cozinha e pela varanda. Naquele dia ficamos somente alguns instantes conversando só nós dois, o encontro foi rápido, eles iriam almoçar e voltar para o festival, mas, como em todas vezes, muito especial. Na despedida de Maria Glória, mais um abraço apertado. - Desta vez não deu tempo, mas da próxima vou te trançar os cabelos! Me disse Magó e rimos juntos desfrutando daquele momento de amizade pura e verdadeira...
Com amor e carinho...
#Magó presente
Hoje e sempre! Jamais nos esqueceremos!”
Por Ricardo Casarini
“Magó é indefinível porque ela sempre foi muitas coisas. Posso começar com verdadeira. Ela colocava verdade e coragem em tudo o que fazia.
“Magó é indefinível porque ela sempre foi muitas coisas. Posso começar com verdadeira. Ela colocava verdade e coragem em tudo o que fazia. A verdade e a clareza guiavam todas as suas ações. Com coragem ela ia tecendo a vida, tropeçando, caindo, mas levantando com coragem sempre. Única. Um ser único. Tinha um sorriso doce, que quebrava qualquer coração congelado e fazia crescer uma semente de esperança onde nunca se tinha ouvido falar de esperança antes.
Carinhosa e amorosa. Carinho e amor, são quase o significado de Maria Glória. Palavras amorosas, gestos amorosos, dança carinhosa, tocava seu pandeiro com carinho, falava com as pessoas com amor.
Uma coisa que ela levava a sério era a brincadeira. A gente chamava isso de PANAKISSE, com K. A brincadeira, o jogo era levado a sério por nós. Onde tem brincadeira tem sorriso.
Atenta e observadora, via dança em todo e qualquer movimento do corpo humano. Amava as acrobacias circenses e era muito boa nisso. Adorava plantar bananeira em todo e qualquer lugar do globo terrestre e no mundo paralelo dos sonhos. Dançava com tudo o que tinha dentro dela.
Pedalava sua bike como se tivesse indo pra lua encontrar nossas ancestrais.
Cantava como uma deusa, uma voz doce, forte, guerreira.
Lutava aikido. Uma mestra maga zen. Praticava yoga, e jogava muita capoeira. Amava esse jogo-dança que a capoeira levava pra ela. Amava o samba de roda, porque colocava toda a sua potência ali: dança, jogo, sorriso, canto, fé e amor, sempre.
Era uma passarinha livre. Uma anciã guerreira. Corajosa. Uma ótima ouvinte e conselheira. Sabia no momento certo fazer com que eu conseguisse enxergar minha própria força. Sabia, no momento certo instigar a vontade de continuar remando o barco da vida.
Um presente. Uma doce mulher. Uma fada.
#MagóPresente”
Por Ana Clara Poltronieri Borges, irmã de sangue, de vida, de alma.
Em meados de 2012 eu estava finalizando o mestrado e, pelas minhas memórias a gente se cruzava na UEM. Em saraus e nos caminhos do campus sempre nos acenamos de longe.
Em meados de 2012 eu estava finalizando o mestrado e, pelas minhas memórias a gente se cruzava na UEM. Em saraus e nos caminhos do campus sempre nos acenamos de longe. Nós nunca fomos apresentadas e nas minhas memórias sempre nos reconhecemos. Passamos a nos seguir em redes sociais em função de amigos em comum e pela arte que brotava dela. Mas o vínculo se fortaleceu quando eu engravidei. Fui mãe solo, do exame positivo de gravidez aos 9 meses da Amora, morávamos em SP. Todo o processo gestacional foi bastante dificil e por algum motivo a Magó se fez mais presente nesse momento. Ela perguntava como a gente tava e sempre comentava alguma coisa por ali.
Em 2015 eu voltei a morar em Maringá e nesse período eu acho que ela viajou, passou um tempo fora mas qdo voltou a gente voltou a se encontrar na cidade em show, teatro, Vaca Louca, oficina. Um dia sem querer em São Paulo debaixo de uma tempestade! Esse dia foi legal! Fazíamos yoga com a mesma professora. Era longe pra mim, eu só ando de bicicleta e ela falava "Venha sim! Tem que ser forte!".
Eu fazia bazares na minha casa e ela veio. Ela fez oficinas e eu fui. Um dia me deu toalhinhas para usar no meu sangramento mensal e hoje eu faço absorventes de tecido e vendo pro Brasil todo!
Nossa ultima conversa foi no festival de música instrumental que acontece todo fim de ano em Maringá, ela me convidou pra ir a Campinas em um encontro importante entre mulheres, eu não poderia ir e comentei chokada no tanto que ela trabalhou ano passado. Perguntei: "Mana, como vc trabalhou 2019 caraca! Como ce fez tudo isso?" E ela falou: "Ah, Maravilhosa, os sinais foram generosos e eu só fui executando".Mas na verdade, o que mais me emocionava era como ela gostava da Amora. Se vc perceber, meu vínculo com a Magó aconteceu porque a Amora chegou.
Ela realmente se importava. Realmente estava presente.
Nós nunca fomos apresentadas e sempre nos conhecemos.
PS: de quando em quando eu pergunto pra Amora: "Vamos ver a Magó dançar?" e ela sempre aceita maravilhada!
Elas continuam se encontrando....
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"Esse mundo não é meu.
Esse mundo não é seu."
Arnaldo Antunes
Por Carol Pera
Nossa vivência com a Magó começa como a de muitas das nossas clientes... com a ida pela primeira vez ao nosso Cantinho.
“Nossa vivência com a Magó começa como a de muitxs dxs nossxs clientes... com a ida pela primeira vez ao nosso Cantinho. Mas pra entender melhor como foi, preciso resumir bem rapidinho do que se trata o nosso espaço: Eu ( Mamá ) e Paulo ( meu companheiro ) somos daqui de Maringá e moramos por muito anos em Curitiba, resolvemos voltar para a nossa Cidade ( Maringá ) para ficarmos mais próximos das nossas mães e também para montar nosso Café Vegetariano. A idéia sempre foi ter um espaço acolhedor a todas as pessoas, um lugar que a gente entra e se sente abraçadx.
Pois bem, mais um menos um ano depois da abertura do Café numa tarde de sol chega de bike a Magó e a Ana. Duas meninas lindas com um sorriso muito gostoso no rosto pedindo o cardápio. Atendemos elas da melhor forma possível, e nesse primeiro contato já conseguimos sentir o tamanho do coração delas pela forma como agradeceram e nos trataram quando foram embora. Depois disso começaram a vir com mais freqüência, às vezes apenas as duas, e outras vezes trazendo Daisa , e pessoas da companhia de dança delas. Toda vez que vinham nos sentíamos abraçados e acolhidos e essa sensação era recíproca.
Ao logo do tempo fomos criando uma afinidade muito grande com todxs elxs, e essa afinidade resultou numa amizade muito gostosa e sincera. Nem faço idéia de quantas vezes via a Magó passando pela ciclovia e com um sorriso de fora a fora soltava uma mão do guidon da bike pra nos cumprimentar e gritar lá do outro lado “ Oi Amadoooos!!”...é essa a melhor lembrança que tenho dela com certeza. Às vezes eu a via vindo lá de longe de bike... aí parava, esperava na porta só pra mandar um beijo de longe e dizer boa tarde ou boa noite...pra mim e para o Paulo era como se já ganhássemos o dia. Toda vezes que isso acontecia, ou toda vez que essa maravilhosa aparecia no café e nos abraçava pra dizer que tava tudo bem, ou que tava com saudade das nossas comidinhas pra gente era uma resposta de que a vida só nos devolve o que mandamos pra ela... amor.
Magó pra gente foi o significado da bondade, do amor mútuo, da amizade sincera e o abraço mais quentinho de todo esse Mundo, e ficamos feliz de termos sido parte dessa vivência tão pura e sincera com ela. Bons momentos sempre estarão guardados em nossos corações, com certeza. Magó ,presente...hoje e sempre.”
Por Mamá e Paulo
Em 2019 participei de um projeto chamado “ Formação Continuada em Dança “ foram três meses de atividades intensas , aulas , cursos , rodas de conversa...
Em 2019 participei de um projeto chamado “ Formação Continuada em Dança “ foram três meses de atividades intensas , aulas , cursos , rodas de conversa e apresentações neste tempo tive a honra de conviver com Maria Glória mais de perto. Uma das frases mais ouvidas nos últimos tempos é que “ Magó transformou vidas “ quem conviveu com este ser de luz por alguns minutos que seja não tem como não ter sido transformado por ela um pouquinho, ela era só AMOR acreditava na dança como um TODO uma UNIÃO( sem rótulos de academias, grupo de dança e afins) , me lembro de algumas vezes ouvir ela defender essa ideia de forma linda, cheia de vida e entusiasmo e assim comecei a enxergar muito além do que eu via e vivenciava na minha vida , compartilhamos da mesma MISSÃO de vida e não deixaremos sua LUZ se apagar ! Para finalizar fica aqui minhas sinceras palavras “ Magó me transformou “.
Por Fabiana Ribeiro
Só tenho uma lembrança forte dela, uma lembrança que até hoje dita um pouco do meu comportamento, pois ela, naquele dia, me lembrou de algo muito importante que precisamos ter na vida: contemplação.
Só tenho uma lembrança forte dela, uma lembrança que até hoje dita um pouco do meu comportamento, pois ela, naquele dia, me lembrou de algo muito importante que precisamos ter na vida: contemplação.
Eu voltava de bike de algum lugar que não me lembro qual, era um dia de semana, final de tarde e o céu estava claro. Ao passar pela esquina do corpo de bombeiros, onde a Raccanello vira avenida Guaíra, estava ela lá, a única pessoa a contemplar o belíssimo por do sol que estava acontecendo naquela hora.
Ao parar para cumprimentá-la eu ainda lembro dela falando algo como "pena dos que andam de carro... bem que poderiam parar um pouco pra apreciar esse por do sol lindo! Por isso eu gosto tanto de andar de bike!"
Sempre crítica mas com uma doçura impecável. Não há notícia ou pessoa que não diga o mesmo: ela era LUZ!
Assim como tantos outros amigos artistas que tenho e tive o prazer de conviver, ela era mais uma dessas pessoas que nos faz sentir encanto pela vida, mesmo nos piores dias... Definitivamente, durante este encontro com ela, eu não estava em meus melhores dias, mas nessa mera interação já me deixou uma lição e tanto! E uma força também!
Por João Vitor Noale
Meu nome é Francisco Queiroz, quando fui estudar no Marista estava passando por momentos bem atribulados na minha vida devido ao divorcio dos meus pais...
Meu nome é Francisco Queiroz, quando fui estudar no Marista estava passando por momentos bem atribulados na minha vida devido ao divorcio dos meus pais, era um jovem rebelde e que tinha muitas dificuldades em fazer amizades, ao entrar na turma não consegui me identificar com ninguém, era muito difícil fazer amizades, e me sentia excluído, em meio ao caos que se passava na minha vida, lembro que a Magó sempre se aproximava de mim com aquele semblante alegre, puro e genuíno, sempre conversava comigo e me fazia bem, demonstrava uma amizade sincera e sua companhia já tranquilizava, eram coisas simples que ela fazia, mas isso sempre esquentava meu coração, era a unica que não me olhava de uma maneira discriminatória, lembro que no patio do Marista, ao olhar pra cima, tinha uma sala de dança com paredes de vidro onde se dava pra ver a sala inteira do Patio, quando eu passava e via ela dançando, era como se ela me transmitisse pra outro mundo, amava observar como ela expressava quem ela era através da dança, o primeiro espetáculo que vi em um teatro foi o dela, e pra mim foi um momento magico.
Saí do Marista e nunca mais tive contato com ela, o que mais me dói é não poder dizer pra ela o quanto ela fez diferença para um jovem que se sentia sozinho, com auto estima baixa e que se sentia excluído, espero algum dia agradecer a ela todo o amor e carinho.
Por Francisco Queiroz
“Tive o privilégio de conhecê-la em uma peça entitulada "fragile"...
“Tive o privilégio de conhecê-la em uma peça entitulada "fragile"... Cada gesto meticulosamente executado.. foi incrível.. ela era indiscutivelmente uma pessoa iluminada e muitíssimo talentosa... Sem palavras... ´
Por Higor Bechi
Mago sempre estava pela academia, na época em que fazia ballet, me lembro muito bem de admirar muito ela, aliás me lembro de muitas vezes eu e a Isabelle falar que queríamos ser igual a ela.
Mago sempre estava pela academia, na época em que fazia ballet, me lembro muito bem de admirar muito ela, aliás me lembro de muitas vezes eu e a Isabelle falar que queríamos ser igual a ela. Mago era vibrante na dança, no olhar, mago realmente era luz
Depois de um tempo em plena segunda feira, minha mãe (a qual sempre admirou Mago) me manda a notícia de que Mago tinha falecido, minha manhã acabou, até porque agora sou mãe de uma garotinha de 2 anos, eu pude sentir um pouco o choque que é perder nosso bem mais precioso. Fui ao velório da Mago, abracei a Daisa, que abraço gostoso, em meio a tanta dor Daisa foi tão carinhosa comigo. Depois daquele dia por muitas noites eu sonhei com a Mago, aliás não tem um dia que eu não pensei nela.
Por Giovana Pozza
Conheci a Magó quando ela veio Goiânia participar do Festival Internacional de Dança de Goiás, fizemos aulas juntos e ela impressionou a todos com um solo...
Conheci a Magó quando ela veio á Goiânia participar do Festival Internacional de Dança de Goiás, fizemos aulas juntos e ela impressionou a todos com um solo em que ela raspava o cabelo em cena! Foi um final de semana curto, mas dias lindos e fiquei realmente encantado com ela, seu jeito livre e todo o seu talento!
Em 2017 fui fazer uma viagem para a Itália e aproveitei pra fazer uns cursos de dança por lá e incrivelmente em Bolonha conheci a Ana irmã da Magó! Claro que rimos muito dessa coincidência feliz!
Por Guilherme Monteiro
Sempre que eu pensava e penso na Magó, a primeira coisa que me vinha e vem na cabeça era a cor amarela, passei um tempo me perguntando o por que disso...
Sempre que eu pensava e penso na Magó, a primeira coisa que me vinha e vem na cabeça era a cor amarela, passei um tempo me perguntando o por que disso, até descobrir que o amarelo significa luz, calor, descontração, otimismo e alegria. Simboliza o sol, o verão, a prosperidade e a felicidade. É uma cor inspiradora. Eu sei, acabei de descrever a Magó, hahaha
Vocês me pediram pra dizer no que ela me ajudou,e dentre tantas coisas, ela me ensinou a ser corajosa. Eu sempre me achei muito corajosa até começar a ter aula com ela. Foi ela quem me deu a coragem de abrir os olhos pra um mundo diferente do meu, de olhar a dança não só como uma aula, mas como uma arte. Foi ela e a Ana que me deram a coragem de ser a primeira a falar, ou tentar algo desconhecido, quando ninguém mais ia. E o principal, me deu coragem pra olhar pra mim mesma e abrir as caixinhas onde eu guardava algumas angústias. Ela me ajudou tanto e nem fazia ideia disso, e por isso ela é e sempre foi essa luz, apenas sendo ela mesma. Ela me inspira. Sempre gostei daquele sorriso leve, mas o principal, o jeito como ela amava, como seus olhos brilhavam ao ver alguém com quem se importava. Ela contagiava. Ela era amor.
Por Karen
Devo começar dizendo que talvez eu não preencha o requisito de ter tido contato físico ou direto com Magó, nunca fomos apresentadas. Mas eu a conheci quando uma amiga que mora em Curitiba
Devo começar dizendo que talvez eu não preencha o requisito de ter tido contato físico ou direto com Magó, nunca fomos apresentadas. Mas eu a conheci quando uma amiga que mora em Curitiba, assim como eu, e é de Maringá, me apresentou essa companhia de duas irmãs artistas da dança, e me disse que eu ia adorar. De fato, adorei, amei assim que conheci o trabalho, logo passei a acompanhar e fui tocada pela força e coragem dessa dança.
Saber da passagem de Magó me atingiu profundamente, pois mesmo não a tendo conhecido, ela era conhecida, amiga, querida por muitos amigos e amigas, conhecidos e conhecidas minhas; saber que era uma das incríveis artistas daquela cia que eu admirava o trabalho; saber que mais uma mulher, mais uma artista foi interrompida em sua caminhada, me doeu; não consegui ir ao ato em homenagem a Magó e tantas outras, fui tomada pelo medo e indignação. Mas a dança de Magó, sim, ecoa; eu a senti, levantei e dancei. Por ela, por mim e por todas. A força de Ana Clara (que força!!!) me fortaleceu e me fez mover; mover para sobreviver, para viver, sentir, sorrir, chorar, compartilhar.
Aqui fica um relato de uma mulher artista, admiradora dessas irmãs que mudaram o mundo apenas por serem. E continuarão a mudar e tocar. O amor, a troca entre mulheres, seja da forma que for, sempre floresce dentro de outras mulheres. Seria lindo pra mim, algum dia, dividir, compartilhar e mover junto. Quem sabe a vida nos coloca de frente, ou ao lado. No mais, agradeço. E desejo coragem no mover, esperança no viver, resistência selvagem e suave de ser. Nenhuma a menos. Magó presente.
Por Elisa Chacon
Magó me ensinou muitas coisas, me fez crescer, tanto na dança, como na vida. A Magó me ensinou bondade, amor e paciência.
Magó me ensinou muitas coisas, me fez crescer, tanto na dança, como na vida. A Magó me ensinou bondade, amor e paciência. Lembro do quanto ela me ajudou nas apresentações, ensaiando junto comigo o meu solo, me incentivando sempre a não desistir. Quando tive uma crise na véspera do espetáculo do ano passado, porque estava com medo de não conseguir me apresentar, a Magó veio, me abraçou e disse que eu era capaz. Esse simples gesto mudou a minha vida de uma forma como eu nunca tinha imaginado. A partir daí eu percebi que além de minha professora eu havia feito uma amiga. A partir daí começei a ajudar e incentivar todos. Magó ensinou muitas pessoas ao longo de sua vida. Magó é luz e estará pra sempre no coração de todos.
Por Jade Odorico
Não sou muito bom em escrever, mas vou contar as lembranças mais fortes que tenho de magô. Dançarino e integrante do grupo Urban Style de Sarandi
Não sou muito bom em escrever, mas vou contar as lembranças mais fortes que tenho de magô. Dançarino e integrante do grupo Urban Style de Sarandi, eu Jean Adame junto do grupo e a academia de dança Daisa tivemos alguns trabalhos juntos no qual tive o privilégio de conhecer a magô, primeiramente estranhei, ela era muito diferente de muitas pessoas que conheci, mas sim através da dança à conheci.
Magô era uma mulher linda, e transpasava sensação de luz e paz, enquanto todos discutíamos sobre os trabalhos la estava ela atenta à um documentário de um bailarino gringo que não me lembro o nome.
A lembrança mais forte que tenho é dos dias em que íamos fazer aula com o Luiz Rogério(tiuzinho), aos finais do treino magô sua irma e algumas bailarinas faziam tipo uma dança de abdominal incrivel. Por ser descarado me oferecia pra participar, enquanto eu fazia com dificuldade, magô fazia rindo e com muita energia.
Magô foi é sempre será querida por todos nós, ela está viva, muito viva no coração de cada pessoa que gostava dela.
#magopresente
Por Jean Adame
Minha história com a Magó começou na escola. Entrei no segundo ano do ensino médio no Colégio das Américas, aqui em São Paulo e a Magó tinha entrado no mesmo colégio recentemente.
Minha história com a Magó começou na escola. Entrei no segundo ano do ensino médio no Colégio das Américas, aqui em São Paulo e a Magó tinha entrado no mesmo colégio recentemente. Me lembro bem desse dia porque ela foi a primeira pessoa da sala (alunos) a falar comigo. Sempre fui uma pessoa mais reservada, que não fala muito e a Magó acho que percebeu minha apreensão em entrar no colégio bem no meio do ensino médio e se aproximou, se apresentou e ficamos nos falando o dia inteiro. Ela me contou que era de Maringá, e que estava em São Paulo por conta da dança, morando na casa da avó.
No primeiro final de semana combinamos com mais uma colega de sala, que também acabara de entrar, de irmos para uma balada, o "Café de La Musique", como éramos menores de idade, estávamos tentando falsificar nosso RG (rsrs), acabou não dando certo, e quando chegamos lá o segurança não nos deixou entrar. As outras meninas que estavam com a gente queriam ir para outra balada, mas eu e Mago só queriamos comer e ir pra casa. Decidirmos ir no MC, e a Magó acabou comendo um lanche e fazia um tempinho que ela não comia carne e ela acabou passando mal a noite inteira. Ficamos na casa da vó dela e de manhã fomos buscar nossas coisas na Rafa.
Dai em diante comecei a ter uma amizade incrível com uma das melhores pessoas que conheci na minha vida, sem sombra de dúvidas!
No final do ano, uma surpresa. A magó iria voltar a morar em Maringá. Prometi que iria visitá-la nas férias.
Não sei se vocês Daísa e Maurício lembram de mim, mas eu realmente fui na casa de vocês há uns 9-10 anos atrás.
A Magó me contou diversas vezes sobre a academia de dança da mãe e que todo final de ano ela fazia uma grande apresentação em um teatro bem conhecido da região. Me lembro de quando cheguei, e conheci a Ana! As duas juntas emanavam tanta coisa boa, pareciam que eram uma única pessoa, nunca conheci duas irmãs assim. Ai depois conheci a família como um todo, e percebi porque as duas eram seres humanos incríveis, porque foram criadas por vocês! A casa de vocês naquele curto espaço de tempo que passei ali, era uma casa cheia de amor, de arte. A magozinha tinha tido uma torção no pé poucos dias atrás, e estava bem chateada de que talvez não conseguisse se apresentar. No final tudo deu certo e eu acabei fazendo até parte da apresentação, chamando os nomes das pessoas que iriam se apresentar naquela noite. Foi magnífico! Um evento desenvolvido com muito amor.
A Ana tinha o fusquinha "Herbie" naquela época e damos muitas voltas na cidade, inclusive fomos em uma balada, como eu queria as fotos daquela época!!! Depois disso sempre que podíamos nos encontrávamos!
Sempre quando a Mago vinha para São Paulo, ou quando ela voltou a morar aqui por um período, dançando na companhia carne agonizante, ia assistir as peças dela.
Pude ver o quanto a Mago cresceu como mulher e ser humano. TODAS as pessoas que eu conheço e que a conheceram lembram dela de certa forma e é sempre de maneira muito positiva, positiva igual a Magó!
Uma das nossas últimas conversas foi sobre o projeto dela e da Ana, o que é frágil pra você. A magó começou a me questionar sobre isso depois que ela voltou a Itália, lembro que a gente foi almoçar em um restaurante perto da casa da vó dela e ela me explicou sobre o projeto. Naquele final de 2018 foi a última vez que tive a oportunidade de conversar com ela pessoalmente.
Lembro que depois de um tempo ela pediu pra eu gravar um áudio, em meados de 2019 para falar sobre isso, eu lembro que minha resposta foi sobre a brevidade e fragilidade da vida e de tudo o que ela nos representa. No dia 26, esse foi meu primeiro pensamento. O que é frágil.
Sempre serei eternamente grata a tudo que a Mago me ensinou nesses últimos 10 anos! Ela é uma mulher que me inspira e espero que em minha vida eu consiga ter metade da força dela!
Por Maiara Pssarini
Meu primeiro contato com a Magó foi por meu do maná biocoletivo. Organizei a feira do evento democrático music festival em 2018 e convidei ela e a irmã para exporem na feirinha do evento.
Meu primeiro contato com a Magó foi por meu do maná biocoletivo. Organizei a feira do evento democrático music festival em 2018 e convidei ela e a irmã para exporem na feirinha do evento. Desde lá à achei um ser de uma luz, conversamos, rimos e trocamos algumas histórias. A acompanhei pelas redes sociais desde então.
Ano passado por coincidência e destino a encontrei em meu último círculo de mulheres. Fui até uma benção do útero e tive o prazer de revê-la. Eu, acompanhada de minha irmã, Magó e outras mulheres tivemos uma experiência muito rica, intensa e curativa naquela noite. Compartilhei com elas naquela noite a angústia de ter descoberto uma lesão cancerígena no útero e o medo da cirurgia que me aguardava algumas semanas à frente. Falamos muito de Maria, mãe de Deus e nossa conexão com esse Sagrado Femino tão cuidadora, tão íntima e tão compartilhada por todas as mulheres do grupo. Magó nos ensinou sua forma de rezar Ave Maria naquela noite e eu a gravei.
Compartilho com vocês as palavras mais curativas que já ouvi, que me fez muito bem e que tem sido o meu conforto desde aquela noite.
Obrigada pela vida de Magó, obrigada pela luta.
Por Brenda Elisa
Conheci Magó num final de semana, no qual, ela e Ana Clara deram uma oficina de JAM NA UEM em 2016.
Conheci Magó num final de semana, no qual, ela e Ana Clara deram uma oficina de JAM NA UEM em 2016.
Foi o meu primeiro contato com o CI e também com essas duas irmãs. Tive um apreço e carinho a primeira vista pela Magó, pois ela sempre foi bem estimada pelo meu amigo Níco, quem nos apresentou; também porque ela veio me cumprimentar com uma “vozinha de criança” cuja qual, sou adepta as pessoas mais íntimas à mim. Aquilo me conquistou! Eu estava diante de uma pessoa que preservava sua criança, coisa q eu venho e sigo buscando fazer desde que me lembro de lembrar. 💕
Aquele final de semana foi intenso pra mim! Havia um tanto de novidade em relação à dança que conheci. Descobri que podia dançar sem música e sem contar os passos, que a harmonia podia ser fluida e natural no improviso.
Eu lembro que gostava mais de ficar observando a Magó dançar com a Ana, do que eu mesma dançar com outras pessoas, já que era tudo tão novo, o toque, o contato físico com desconhecidos me deixava um tanto acanhada e desconfortável. No entanto, qualquer pessoa que dançasse com a Magó parecia uma excelsa bailarina, pela sintonia incrível que ela era capaz de desenvolver, ali mesmo no ato da dança, tão repentino e tão natural dela. Até mesmo com algumas pessoas que, assim como eu, estavam vivenciando ali o contato e improvisação pela primeira vez.
Foi então que eu percebi, a Magó era uma professora incrível, ela até me auxiliou a rolar nas costas dela, foi um momento muito divertido e mesmo acabando de conhecer ela senti que podia confiar nela esse movimento e também meu peso.
Era tudo calmo e sereno, me sentia muito leve perto dela e de alguma forma, o que mais me impressionou nela foi a maneira dela se harmonizar tão facilmente com qualquer pessoa e qualquer superfície.
Tudo era dança, movimento. A Magó se unia com momento - que tenho pra mim, o estado de improviso como algo muito elevado, graças a essa experiência maravilhosa.
A partir desse momento, conheci algumas pessoas do CI e comecei a participar de um LAB de CI na UDESC. Foi um dos momentos mais ricos pra mim, pude me conhecer mais e sempre me sentia um pouco curada após cada sessão de JAM.
Eu agradeço a Magó e a Ana por despertarem em mim esse contanto com o estado do improviso tão importante e tão raro. Isso mudou minha vida e meu jeito de me relacionar com as pessoas (uma imensa dificuldade q procuro vencer). Quando vi Magó e Ana dançando juntas, tamanho amor, tamanha harmonia eu senti muita vontade de ter uma amizade como a delas com meus irmãos. E hoje tenho.
Todas essas coisas me influenciam muito positivamente.
Sou eternamente grata e inspirada por essa mulher que mesmo em tão pouco tempo me ensinou e auxílio em tantos processos da minha vida, pelo seu jeito de ser simples, alegre e harmonioso.
Com imenso carinho e sempre uma boa lembrança de Magó e de Ana.
Por Maria C. Ramos